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A festa da Lanterna, realizada nas escolas Waldorf, nos fala do despertar da nossa luz Interior.

Segundo a Antroposofia, a Época de São João é a mais humana, aquela que convida cada individualidade a olhar para dentro de si. João identificou a profecia da vinda do Messias e as transformações que ocorreriam na humanidade. Ele realizou o batismo, ato, pelo qual, o Cristo veio habitar aqui na terra. E, agora, no inverno, que propicia a interiorização, podemos despertar a nossa consciência divina, para nosso ser Crístico.

O conto da Menina da Lanterna, fala sobre um vento forte que apaga a lanterna que a menina carregava. E em um sonho, as estrelas revelaram, à menina, que a lanterna poderia ser acesa, novamente, pelo sol. E, ela segue a procura do caminho para encontrar o sol e reacender sua luz.

São João nos orienta neste caminho individual, que começou em Pentecoste. O mundo exterior, muitas vezes apaga nossa luz, os problemas nos deixam desesperançados. Nossa fé fica abalada e, também, algumas vezes, questionamos o propósito dos acontecimentos. E então, como reacender nossa luz?

João Batista, nos dá um caminho, ele clama: “Mudai vosso pensamento, pois o Reino dos Céus está próximo.”

Mudar o pensamento, significa também mudar de atitude. Elevar o pensamento com conteúdos espirituais verdadeiros, depurar os sentimentos e enobrecer nossa vontade, são movimentos para acendermos nossa lanterna e mantê-la acesa.

Este é um caminho individual, mas que reverbera em todos aqueles que encontramos.

Vamos acender nossa lanterna!!!

Renata Lis Bellinello

Segue o conto, na íntegra:

A Menina da Lanterna

            Era uma vez uma menina que carregava alegremente sua lanterna pelas ruas. De repente chegou o vento e com grande ímpeto apagou a lanterna da menina.

            Ah! Exclamou a menina. – Quem poderá reacender a minha lanterna? Olhou para todos os lados, mas não achou ninguém. Apareceu, então, uma animal muito estranho, com espinhos nas costas, de olhos vivos, que corria e se escondia muito ligeiro pelas pedras. Era um ouriço.

            Querido ouriço! Exclamou a menina, – O vento apagou a minha luz. Será que você não sabe quem poderia acender a minha lanterna? E o ouriço disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois precisava ir pra casa cuidar dos filhos.

            A menina continuou caminhando e encontrou-se com um urso, que caminhava lentamente. Ele tinha uma cabeça enorme e um corpo pesado e desajeitado, e grunhia e resmungava.

            Querido urso, falou a menina, – O vendo apagou a minha luz. Será que você não sabe quem poderá acender a minha lanterna? E o urso da floresta disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois estava com sono e ia dormir e repousar.

            Surgiu então uma raposa, que estava caçando na floresta e se esgueirava entre o capim. Espantada, a raposa levantou seu focinho e, farejando, descobriu-a e mandou que voltasse pra casa, porque a menina espantava os ratinhos. Com tristeza, a menina percebeu que ninguém queria ajudá-la. Sentou-se sobre uma pedra e chorou.

            Neste momento surgiram estrelas que lhe disseram pra ir perguntar ao sol, pois ele concerteza poderia ajudá-la.

            Depois de ouvir o conselho das estrelas, a menina criou coragem para continuar o seu caminho.

            Finalmente chegou a uma casinha, dentro da qual avistou uma mulher muito velha, sentada, fiando sua roca. A menina abriu a porta e cumprimentou a velha.

            – Bom dia querida vovó – disse ela

            – Bom dia, respondeu a velha.

            A menina perguntou se ela conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela, mas a velha disse que não podia acompanhá-la porque ela fiava sem cessar e sua roca não podia parar. Mas pediu a menina que comesse alguns biscoitos e descansasse um pouco, pois o caminho era muito longo. A menina entrou na casinha e sentou-se para descansar. Pouco depois, pegou sua lanterna a continuou a caminhada.

            Mais pra frente encontrou outra casinha no seu caminho, a casa do sapateiro. Ele estava consertando muitos sapatos. A menina abriu a porta a cumprimentou-o. Perguntou, então se ele conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela procurá-lo. Ele disse que não podia acompanhá-la, pois tinha muitos sapatos para consertar. Deixou que ela descansasse um pouco, pois sabia que o caminho era longo. A menina entrou e sentou-se para descansar. Depois pegou sua lanterna e continuou a caminhada.

            Bem longe avistou uma montanha muito alta. Com certeza, o Sol mora lá em cima – pensou a menina e pôs-se a correr, rápida como uma corsa. No meio do caminho, encontrou uma criança que brincava com uma bola. Chamou-a para que fosse com ela até o Sol, mas a criança nem responde. Preferiu brincar com sua bola e afastou-se saltitando pelos campos.

            Então a menina da lanterna continuou sozinha o seu caminho

            Foi subindo pela encosta da montanha. Quando chegou ao topo, não encontrou o Sol.

            – Vou esperar aqui até o Sol chegar – pensou a menina, e sentou-se na terra.

            Como estivesse muito cansada de sua longa caminhada, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.

            O Sol já tinha avistado a menina há muito tempo. Quando chegou a noite ele desceu até a menina e acendeu a sua lanterna.

            Depois que o sol voltou para o céu, a menina acordou.

            – Oh! A minha lanterna está acessa! – exclamou, e com um salto pôs-se alegremente a caminho.

            Na volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse ter perdido a bola, não conseguindo encontrá-la por causa do escuro. As duas crianças procuraram então a bola. Após encontrá-la, a criança afastou-se alegremente.

            A menina da lanterna continuou seu caminho até o vale e chegou à casa do sapateiro, que estava muito triste na sua oficina.

            Quando viu a menina, disse-lhe que seu fogo tinha apagado e suas mãos estavam frias, não podendo, portanto, trabalhar mais. A menina acendeu a lanterna do artesão, que agradeceu, aqueceu as mãos e pôde martelar e costurar seus sapatos.

            A menina continuou lentamente a sua caminhada pela floresta e chegou ao casebre da velha. Seu quartinho estava escuro. Sua luz tinha se consumido e ela não podia mais fiar. A menina acendeu nova luz e a velha agradeceu, e logo sua roda girou, fiando, fiando sem cessar.

Depois de algum tempo,a menina chegou ao campo e todos os animais acordaram com o brilho da lanterna. A raposinha, ofuscada, farejou para descobrir de onde vinha tanta luz. O urso bocejou, grunhiu e, tropeçando desajeitado, foi atrás da menina. O ouriço, muito curioso, aproximou-se dela e perguntou de onde vinha aquele vaga-lume gigante. Assim a menina voltou feliz pra casa.

 Fonte: arquivos da Pedagogia Waldorf

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