Ferramentas artísticas para acalmar a mente e o coração são caminhos que nos ajudam a ter maior equilíbrio emocional através da arteterapia.

POR Alessandro Fernandes   7 min de leitura

Aprender um novo instrumento musical, se aventurar no artesanato, passar a desenhar ou fazer pinturas em telas. Essas são algumas das opções que a arteterapia apresenta na vida de alguém. Para além de uma atividade que gera aprendizagem – como ter habilidades para tocar um violão, por exemplo -, essa modalidade terapêutica busca estimular, a partir do contato com a arte, o auxílio no tratamento de transtornos e distúrbios psicológicos.

Estar em um ambiente com arte pode ser importante para nos trazer equilíbrio emocional e atenuar sintomas de ansiedade, por exemplo. Se aproximar do artesanato, como muitas pessoas fazem, pode ser uma ótima oportunidade para nos trazer maior foco, concentração e nos direcionar para um hobby novo que, junto a isso, contribua para a nossa jornada no autoconhecimento.

Assim como muitas pessoas encontram na atividade física e na prática de esportes uma forma de auxiliar a lidar com as emoções e os sentimentos, a arteterapia também pode ser uma válvula de escape desse mundo tão acelerado e repleto de informações a cada momento.

Como fonte de inspiração, reunimos arteterapeutas e criadores de conteúdo que utilizam a arte como ferramenta de apoio emocional. Lembramos que a arteterapia sozinha não substitui o acompanhamento profissional com um psicólogo ou psiquiatra, mas é uma terapia complementar de grande importância para muitas pessoas.

A costura como ferramenta de atenção plena

Renata Lis tem algumas paixões na vida, mas entre elas estão a terapia e o patchwork, que pode ser traduzido como “trabalho com retalhos”, uma forma de trabalhar com costura a partir da união de diferentes tecidos, histórias e formatos. Depois de concluir sua formação em terapia no estado da Califórnia, nos Estados Unidos, Renata decidiu se aprofundar no universo da arte como ferramenta de acolhimento.

Minhas avós eram costureiras e cresci vivenciando a criatividade e o carinho dos quartos de costura além de, ao pé das máquinas, juntar os retalhinhos para fazer minhas bonecas“, explica ela. Com o passar dos anos, a artesã percebeu que duas coisas eram complementares: as aulas de patchwork e as trocas feitas pelas alunas durante a formação.

Foi aí que decidiu unir a aprendizagem com as vivências trazidas a partir das histórias de vida de cada pessoa. “As salas do ateliê passaram a ser um ambiente seguro e acolhedor“, lembra.

“Costurar é uma forma de reestruturar e se expressar emocionalmente. As trocas ricas e profundas, permitem relatos de situações estressantes e o compartilhar de experiências ajudam a diminuir o estresse e a aumentar a autoestima, através da facilitação de novas leituras das histórias relatadas, novos entendimentos e clareza com as fases da vida.”

Hoje, Renata trabalha especialmente com a Antroposofia como forma de aquisição de conhecimento e autodesenvolvimento. Ela lembra que a ideia é demarcar a relação entre arteterapia e ciência espiritual com a alma, corpo e espírito. “No processo terapêutico a utilização da expressão artística auxilia na externalização dos sentimentos, reorganização e reconhecimentos do pensar de forma espontânea, lúdica e leve“, destaca. Isso faz com que, aos poucos, nos tornemos mais assertivos conscientes do nosso viver no planeta.

Para Renata, estar presente, com atenção plena, é um dos passos fundamentais da costura, porque nos conectamos com o corpo, o ambiente e imprimimos nossas emoções em um trabalho artesanal. “A preparação dos projetos artísticos, escolhas dos tecidos, desenhos, cores e acabamentos, permeados por diálogos significativos são formas de reconhecer nossos processos internos“, conclui.

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